A mão invisível que te proteje

No sábado dia 17 uma semana antes de inaugurar a minha exposição "Estórias à solta" no agora renovado "Espaço RC", tive um acidente. Caí de um escadote colocado na via pública, da altura de cerca de dois metros. Quando caí estatelei-me na calçada empedrada tendo o primeiro impacto sido as costas e o segundo a cabeça. Relativamente à cabeça foi como atirar um melão ao chão, pois senti todo o interior da cabeça estalar. A primeira reacção foi levar as mãos à cabeça e avaliar a situação mas nada tinha. Tentei então levantar-me e foi aí que percebi que estava em sarilhos, pois tive imediatamente dores excruciantes que me levaram a gritar por um 112. Felizmente tive a noção exacta que não devia mexer-me, o que aliás eu não conseguia.

Veio o INEM, imobilizaram-me como um "paio", pois só podia mexer os olhos. E lá fui para o Hospital de S. José. Dois dias depois operaram-me a uma fractura numa vertebra da coluna designadamente a L1 onde passei a ter duas placas de platina e seis parafusos. Três dias depois deram-me alta e mandaram-me recuperar para casa. Neste momento tenho ainda muitas dores, não posso fazer quase nada sozinho e muito menos baixar-me ou levantar-me de uma cama ou de um sofá. A recuperação vai levar dias, semanas ou quem sabe meses.

A mão invisível protejeu-me de uma lesão na medula óssea o que teria significado o adeus à cerâmica que tanto amo e o resto da minha vida paraplégico e dependente de terceiros.

PS: Quanto à exposição, dado que desde Agosto que estava a trabalhar nela, práticamente estava tudo pronto. Faltavam pormenores de iluminação e colocação de etiquetas. Por isso a mesma teve lugar graças à dedicação do meu amigo Roland e da colaboração da ceramista Sara Guerreiro agora comissária da exposição.

Ricardo Casimiro