12 August 2007

A mente perversa e a inconfidência

"Apontamento do Quotidiano"

Ia eu a caminho da praia via transportes públicos quando durante a travessia do rio Tejo, num barco com muito poucas pessoas se ouviu um ruidoso toque de telemóvel. A dona do dito na casa dos 25, mastigando uma pastilha elástica, e lendo uma revista, lá atendeu em alta voz como se estivesse em casa.
-Ah, és tu outra vez?...Pois, mas olha lá, a minha mãe ontem comeu iscas e depois lavou-se por baixo...

Eu, que com o tom de voz da senhora tinha focado as antenas na conversa, não queria acreditar no que tinha ouvido. Aí a mente perversa começou a congeminar. Qual a relação entre os dois factos? Quais as consequências, se é que as houve...Seriam mesmo iscas com elas (as batatas cozidas, claro) ou as iscas eram sentido figurado?
Perversamente lembrei-me das mulheres da idade da minha mãe (93 se ainda fosse viva) a quem um dia ouvi dizer, quando eu ainda era criança e não sabia do que estavam a falar:
-Ela não come chouriço, prefere fressura.

Que outra razão poderia haver para comer "iscas" e a seguir "ir lavar-se por baixo"?

Moral da estória: O que as pessoas dizem em qualquer lado ao telemóvel sem se darem conta dos ouvidos indiscretos que as possam escutar!!!

PS: Gostaria de ter ilustrado esta estória com uma peça cerâmica, mas infelizmente a nossa máquina fotográfica digital está em reparação...

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