03 April 2008

Somos

o país do carnaval da mealhada
o país dos estádios de futebol e da cultura da treta
o país dos doutores e engenheiros
o país do faz de conta
o país dos pequeninos
o país dos reformados a morrer à míngua
o país das anedotas
o país das tias em bicos de pés para aparecerem nas revistas
o país dos telemóvel-dependentes.

E eu sou. Ceramista, crítico, corrosivo, mordaz e sarcástico. Há três anos fiz uma obra composta por quatro peças a que chamei "Portugal no Reino dos Escaravelhos".
Todas as peças são compostas por 3 elementos, uma forma rectangular, simbolizando Portugal, uma bola de esterco e um escaravelho empurrando ou empoleirado nela. Chamei-lhes "o povo", "os políticos", "a burguesia", e por último "o clero". Todos empenhados em levar esta "merda" para a frente. Desculpem, queria dizer esterco mas fugiu-me a finesse para a verdade.
Destino da obra?
Doei-a a um museu que dignifica a cerâmica. Ao menos quando eu esticar o pernil haverá obra para os futuros escaravelhos contemplarem e não se sentirem como eu tantas vezes me sinto.
Este país não me merece.


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